Penso que roubo o tempo ao Tempo sem tempo para desapertar as Horas dos Segundos que se enlaçam interminavelmente no ADN do meu quotidiano inspirado e expirado por mim em doses viciadas de loucura e de cegueira. Não há ensaios nem lucidez que se sobreponham na valsa interminável que dou com a passagem da Vida...leva-me ao altar da hora derradeira com um sorriso nos lábios da alma enquanto a troco pelos pensamentos mais superficiais da humanidade e visto que nada pesa na balança...dou corda aos ponteiros que me afastam de mim mesma e de todos com a satisfação total de quem fecha os olhos e sente que a vida foi plenamente cumprida.

8 comentários:

Teté disse...

Suponho que, como tu própria referes mais abaixo, és simultaneamente guarda e prisioneira de ti e do teu tempo...

Mariana disse...

Gostei tanto deste teu texto. Os jogos de palavras dão-lhe um toque diferente, e a imagem...bem a imagem é linda como as de sempre :)

um beijinho .

Luna disse...

È bom esse sentir de vida cumprida, saboreia bem
Esse tic tac pois a maior parte de nos desconhece esse harmonioso sabor
beijos

~ Marina ~ disse...

Meu Deus! Quanta profundidade numa curta declaração!

Beijos pra ti!

bono_poetry disse...

...mediocre que sou ao afastar o ponteiro da sua viagem...
...mau e indivisivel na partilha...troquei-lhe a areia por agua...
...ampulheta do tempo molhado...

Å®t Øf £övë disse...

Su,
A vida muitas vezes resume-se à luta com o tempo.
Bjs.

Cruztáceo disse...

o Tempo permite-me a presença neste ensaio: Sem lucidez, ou na minha insanidade passei pela vida, cumprida ou não, é pelos menos sentida.

Porcelain disse...

Esse filho da mãe do tempo tem sempre tempo, porque o anda sempre a roubar, pelo que lho podes roubar à vontade... ladrão que rouba ladrão... o quotidiano é todo ele feito de loucura e de cegueira, mas da loucura e da cegueira da alienação... é tão doce ser louco e ser cego, quando se foge ao quotidiano e quando a alma é lúcida e tem os olhos bem abertos...

Pensamentos superficiais são o que povoa o nosso mundo... temos medo de os aprofundar, ou poderiam pesar de mais e afundar-nos...

O sentimento de que a vida foi plenamente cumprida catapulta-te para adiante, por isso sempre que o coração pede, convém dar corda aos ponteiros, para que nos possamos afastar de nós próprios e ver-nos de longe... a vida dar-se-á em seguinda com mais vigor...