...não descubro o rosto porque não é rosto e mesmo assim sequer máscara e mesmo que olhem, querendo, não existe olhar nem janelas para a alma, e não querendo pressentem que esta voou ainda que sem asas porque as asas são elas próprias a sua essência. Pairam dentro do corpo encarceradas dentro de infinitos castelos de dor e quando se olham aos espelhos dos olhos volatizam-se enquanto descobrem que são os próprios dragões dos quais fugiam...portanto, já não há princesas, nem vilões, nem finais, nem contos...só as paredes que se moldam ao nosso ego, por dentro e por fora, encobrindo-nos dos outros e de nós mesmos...assim, não são precisas máscaras...porque o NADA não tem rosto...

6 comentários:

Porcelain disse...

A dor... desfigura, rouba-nos a identidade, a personalidade, o rosto... olhamo-nos ao espelho e não conseguimos perceber quem somos, pois os contornos da nossa expressão estão desfigurados... não é para sempre, eles voltarão, porém... o fantasma da visão anterior jamais nos deixará vislumbrar uma imagem definida de nós mesmos... para sempre nos olharemos como uma pintura impressionista, sem sabermos ao certo quem somos, onde começamos e onde acabamos...

A dor suga a alma, leva-a para longe do corpo, resume-nos à matéria frágil e sem protecção, à mercê da crueldade do mundo...

O olhar reflecte o vazio deixado pela alma que se foi... que podem dizer essas janelas? Abrir-se para o nada...

Quem me dera uma máscara, daquelas que os outros usam, mas se nem isso consigo forjar... a dor intensa torna-nos transparentes... é impossível mascará-la...

Quando a alma voa com asas, voa porque está leve... e a alma leve e subtil é etérea, é movimento puro... a alma que foge foge sob o seu próprio peso, esgueira-se, pesada, enterra-se resvalando pelos intervalos das pedras da calçada e dos grãos de areia e de terra...

A alma pesada que, antes de o ser, já foi como um pássaro, já voou livre e leve mas que, logo antes de o ser, experimentou a fria prisão das paredes dos castelos de dor... um dia, tentou voar como outrora, porém inexplicavelmente, já não o conseguia fazer, ao seu redor existiam novas, duras e frias estruturas desconhecidas e incompreensíveis... transfigurou-se, carregou-se, sumiu-se...

A alma pesada foge de vergonha, dissolve-se quando se olha ao espelho dos olhos e dá consigo na forma de um montro terrível...

Os finais mais não passam do que uma formulação da mente, assim como as histórias, assim como a própria dor...

As paredes da dor encobrem o nada em que nos tornámos...

Querida, não vais acreditar, mas ler-te aqui e comentar-te regenera-me...

bjoka

Phantom of the Opera disse...

Os muros separam o nosso intimo, são blocos que nos separam da dor que em momentos atrapalham a nossa existência.

Beijo

bono_poetry disse...

gosto das masmorras em que me sento e dedico...das noites cerradas...do silencio que pedi...gosto de esquecer que existi...gosto de me ouvir...sem maculas do que outros possam deixar...quero sair de dia sem as memorias da noite...desligo o som de mim...oico o mundo a luz do dia...sinto que acaba num instante...regresso ao meu bem estar...onde posso ler a minha mente...onde egoista vejo as lagrimas de uma historia qualquer...ja pintei sem uma frincha de luz...ao acordar a antemanha espreitava e delirava...
e a musica deixava fluir em mim ...pedacos de algo que amo ...


gostei muito do que a lenita escreveu!!!

Paulinha disse...

Se o nada nao tem rosto, nao tem alma, o nada é vazio. E portanto, longe de nos algum dia tornarmo-nos nisso mesmo... em nada...
Somos sempre alguma coisa.

Susana Júlio disse...

...da voz solitária que mais do que eco resta colada às paredes...presa no granito...às grilhetas do esquecimento...detrás das celas dos outros e do dia também dos outros que acontece lá fora...e as sombras que absorvo e deito fora transformadas são sempre essas histórias que emolduram as músicas, as telas e as palavras...gritam fantasmas através das frinchas e quase que tocam a luz...

Dark-me disse...

Mesmo o NADA tem sempre um rosto!!

Dark kiss