...desce do meu corpo e abandona-me às ondas agrestes da tempestade do Teu nome...não sou carne nem sou pedra mas sou terra quando me deito na escuridão do esquecimento e misturo-me com as raízes das palavras. Nasço desembaraçada de mim mesma entre folhagens proibidas que sussurram o engano a quem as escuta enquanto as colhe...

...despe o meu vazio e dá-me o abraço da fé de cada vez que troveja em cada degrau caído. Se me levanto olho o vazio dos teus olhos e se me deixo cair acompanho a tua alma negra de sentido. Perco-me deslumbrantemente entre rios iluminados por risos quentes e lágrimas frias, começo e acabo a vida num batimento de coração ampliado pelo silêncio da tua morte...

...revela a tua história para além da sombra que ficou na cruz ao pó de milénios temporais e confessa que gritaste o meu nome em vez de outro qualquer e que ultrapasso a sombra quando olho para trás de mim mesma...não é o meu olhar que o diz mas sim a intuição...

...quando caminho sozinha cresço na linha do horizonte como um novo dia inteiro...e a planta dos meus pés ergue-se até ao infinito dos meus braços...

...sonâmbula vitruviana...

5 comentários:

bono_poetry disse...

...confino a beleza a um estado vivo em movimento...imovel o olhar define contornos a estetica...quer linhas da vida...suspensas em novelo de letria...tecem artesas as suas vestes...recortam imagens em tempo real...sempre esse maldito que conserta sem saber...nao me reescrevo...nao me sei limitar...reeinvento-me ...gosto de explorar...caio em antemanhas...alma cansada em corpo normal...prevejo nos trajes...nas cores...nos tempos...uma aurea boreal...de onde vem esta raiz que se funde a terra ao ar e ao mar?

bono_poetry disse...

em stockwell?ja la fui!!

Susana Júlio disse...

...´mas é a vida em forma felina que desenrola esse novelo a seu bel-prazer, puxando o fio à meada e descobrindo o que não devia entre as esquinas da verdade e da mentira...e a beleza queda-se inteira e solene entre as artimanhas e antemanhas desse ser que ofusca a morte, confundindo-nos nos dias que nos promete, do tudo que nos parece dar, de bandeja erguida contra a alma: sirvam-se, se quiserem. Porque não têm outro remédio!
Por isso, vestimo-nos desses trajes, ocultando a normalidade do corpo, a diversidade da alma que quer crescer para além do senso comum e espreita as malhas que nos vestem...o destino desfia-se de cada vez que se olha mais além do que se pensa ser devido. Preve-se a nudez da fragilidade entre cantos de sereias...levam-nos para o mar, sabendo que não nos podem eliminar...estamos presos à terra...somos a própria raíz que se observa e se questiona, em jeitos equidistantes de si mesma. Somos apergunta e a resposta e trazemos o sabor do mar misturado com o aroma da terra molhada...porque choveram sobre elas as nossas lágrimas quando tentávamos apenas sorrir...
Como é que consegues?

bono_poetry disse...

...encolho ombros na duvida...sugiro razoes e desejos...apetecia-me quatro porcoes de carinho...esqueco da vontade e seduzo-a com palavras...corpo cansado em mente sa...dorme bem!!beijo!

Porcelain disse...

A escuridão do esquecimento pede pela forma de monstros, demónios e fantasmas para ser ressuscitada sob a forma de entendimento e inteligência. Na escuridão do esquecimento somos quase terra, somos quase inertes, procurando as raízes vivas que nos façam renascer... o trovão é magnífico, ribombar que nos desperta da apatia e da inconsciência e nos lembra que há forças maiores que nós, que aquilo que vemos todos os dias anda muito longe de ser sequer o principal na complexa teia de causas-efeito que nos subjuga diariamente, mas que aceitamos tão passiva e inconscientemente. Os olhos e os sentidos não são o suficiente nesta quimera constante em que andamos pela harmonia e pelo equilíbrio... precisamos da fé quando percebemos que os nossos sentidos não chegam... Num mundo em que nós mesmos inventamos as proibições, já que não existem proibições, o único engano é pensar que elas são reais.

O nosso nome não passa de uma palavra, uma mera representação, uma bela gaiola que encarcera a alma mas que lhe permite deambular por este mundo, e senti-lo e vivê-lo. Porque a verdade olhar nenhum nos poderá revelar melhor que o nosso coração... o nosso coração é o único que conhece a verdade...