...hoje sentei-me à janela de mim mesma e desenhei nos vidros embaciados da alma percursos infinitos e ângulos sem nome enquanto descobria que é o desconhecido que me chama pois criei aversão aos nomes, aos rótulos, aos conceitos, à rotina, ao esperado...

...queria andar ao contrário do movimento do compasso e traçar rectas e mais rectas e rectas em vez de círculos que me levam sempre ao ponto de partida...melhor seria deitar fora o compasso mas esse corpo frio que controla sou apenas eu e apenas eu quem pega nele sobre a folha amarrotada da vida...

...continuo sentada enquanto choram lá fora as nuvens e as pessoas misturadas num nevoeiro enregelado, numa massa compacta e acrílica que perdeu o brilho verdadeiro de tanto se sobreporem em camadas e mais camadas de vida, de palavras, de sons, de relações, de desejos e de sonhos...

...quero a matéria primitiva e original que foi o barro de outrora e moldar-me de novo, corpo e alma renascidos, e olhar o mundo como se fosse a primeira vez...

...preciso...



1 comentário:

Teté disse...

Essa possibilidade de nos reinventarmos de novo todos os dias era ouro sobre azul. Infelizmente, há marcas que não saem nunca e a ingenuidade vai-se perdendo - mas ganha a experiência! :)

Beijinhos!