...letra a letra desenvolta envolta no que sou apenas no que me veste e despe todos os dias no silêncio solitário da porta que fecho ao mundo lá fora e peça a peça que deixo no chão da minha alma despejo o corpo de todas as mensagens que me tatuaram ao longo dos anos como se fossem sinais de aviso e regras de conduta de como hei-de ser um perfeito ser humano aquele que não sou e não quero ser nem que para tal devore um manual de instruções e o vista acima abaixo da minha própria consciência que luta contra si mesma enquanto depõe as armas nas quais não acredita porque pensa que nasceu apenas para perder visto que joga as partidas que não deviam ser as suas...


...inspiro fundo...


...percorro essa escuridão como ausência da luz que se anuncia como recompensa ou prémio glorificado para alguém que rasteja no fundo de si mesma em busca de não sei o quê e de não sei quem quando se desconhece a toda a hora que bate no relógio do seu coração desafiando o seu medo e a sua coragem enquanto me arrasta mundo fora de mim mesma pelas pedras da calçada que também chora porque todos a pisam e todos tropeçam nela e todos tropeçam em mim sem me verem realmente acreditando quem me vêem plenamente e eu sorrio escondida e armada de mais do que eu própria sou atrás das sombras e da escuridão...


...expiro fundo...


...está tudo bem...

3 comentários:

Porcelain disse...

O silêncio solitário da porta que fechamos ao mundo... ou a porta que se nos fecha perante o mundo, mesmo sem querermos ficar nem na solidão nem no silêncio...

O ser humano perfeito é aquele que nós somos já...

As armas em que não acreditamos são as que mais fazem por nós... porque ao desconfiarmos delas, obrigamo-las a renovarem-se a cada dia, tornando-se mais e mais eficazes ainda que assim não pareça... ninguém joga para perder... muito menos apenas para perder...

Sabe-se lá porquê, por vezes perdemo-nos de nós mesmos... e perdermo-nos de nós é tanto mais fácil quanto mais complexos somos... é mais fácil embaralharmo-nos no meio da complexidade, mas... a complexidade permite tão mais que vale a pena correr o risco... vale a pena aceitar o desafio da complexidade...

Resta-nos rastejar no fundo de nós mesmos, em busca de nós mesmos... já que nada mais procuramos além disso, nós mesmos...

Que seca do caraças, isso das pedras da calçada, que choram e que são pisadas e nós a sentirmo-nos como as pedras da calçada, mas... a culpa é nossa... não aceitamos o nosso bicho e na ânsia de o disfarçarmos, contamos a todos essa deliciosa mentira: a de que somos anjos... e todos acreditam... mas nós não gostamos... porque sabemos que a verdade um dia virá ao de cima... porque essa pele que não é a nossa sufoca-nos, tira-nos o ar, tira-nos de nós e dos outros...

Mas... que bom que temos um bicho que nos obriga a ser o melhor que podemos ser... depois é só domesticar o bicho e apresentá-lo horrível, cruel, maléfico, negro, venenoso, terrível, porém... sob controlo... anjos brancos/anjos negros, ninguém foge de monstros em jaulas, muito menos se forem belas e artísticas jaulas, habilidosamente manejadas...

Don´t be scared... everything is gonna be alright...

Oh, minha linda, claro que os nosso textos se completam na perfeição, sim... fico fascinada, absolutamente boquiaberta com a magia da escrita, as maravilhas que consegue... tudo isto é um universo que descubro agora e... bem, ao qual tento adaptar-me, no meio da estupefacção!

Se bem que sou uma estupefacta crónica, porque sou filósofa e como dizia Jostein Gaarder no Mundo de Sofia, um filósofo é aquele que nunca pára de se admirar com o mundo, como se fosse sempre uma criança!!
:-DDDDD

Ih, ih, ih, isto é mesmo mau... algum dia íamos desencontrar-nos, felizmente!!! :-DDDD Ouve, coitadinhos, é que eu acho mesmo que até acho piada aos Scorpions, assim meio de longe e tal, mas até simpatizo, opá e a Dido põe-me doida doida... ih, ih, ih!!! Que fixe, sabes que eu gosto muito desta parte, quando as diferenças se começam a manifestar... :))))

Opá, a playlist está no outro pc
:-ZZZZZZZZZZZ sim, aquele cujo fio está a ser arranjado... aquele fio que a Mafalda roeu :-ZZZZZZZZZZ

Mas amanhã ou depois trato disso tudinho!

Bjikos!!

bono_poetry disse...

...retorna o dia...
...passaros e buzinadelas...
...asas esbatidas e palavras amarelas...
...bom dia a quem nao vejo...
...ola a quem me ve...nao sorrio..
...nao me encanto...
..so nos pormenores..nas janelas isoladas do frio que tanta falta faz...na poeirada que as envolve...
na macaneta que a tranca...no guinchar da madeira ao abrir...
olhos caidos sobre letras...uma brisa de graca cai sobre a testa fervida de raiva...olhos que se abrem envoltos num tom diferente...escuto gargalhadas e alegria...e sinal ..nasceu um novo dia...paragem e devoro uma lufada ar fresco...
rio ...bebo cafe ..espanto males de ontem...caminho normal na sabiencia de quem escuta...horas que nao passam...

Susana Júlio disse...

...minutos que não avançam e até se esquecem que quando crescerem têm de ser dias, e uns dias quaisquer e uns dias importantes...aqueles que baterem primeiro à alma da boa gente. Enquanto o Tempo pára lá fora, e os Ícaros caem todos por terra, movo-me suavemente no meu mundo uterino e as letras ascendem como anjos renascidos das cinzas do coração...aquele que se dá, maltrata, pisa, esquece e avisa sucessivamente ao longo do dia...
...a noite chegou...está tudo bem...