...sei lá o que é isto que devora a alma por dentro e deixa os restos ao de cima como máscara de migalhas de um sorriso que arde do frio de si mesmo para fora.
...não sei mesmo o que me espreita por cima do ombro quando eu própria fecho os olhos e viro as costas ao caminho que vai em frente.
...não me apetece mesmo esboçar um sorriso sempre que o esperam ou de cada vez que mo pedem. É meu e só meu e só aparece à janela da minha expressão quando vestir um vestido às florzinhas azuis.
...não quero saber o que os outros pensam nem quem são os outros ou sequer o que dizem pela frente e por detrás porque para mim não têm qualquer dimensão ou fio de horizonte que contorne a minha felicidade.
Gosto da minha casca de caracol, da minha carapaça de caranguejo, da minha casca de concha, do meu fundo de mar, do meu espaço infinito, da minha terra distante, da minha ermida solitária em que as vozes soam a sinos codificados, das minhas campas vizinhas onde enterro as palavras dos outros e nem sequer deixo flores como sinal de que as oiço ou de que sei que existem...não quero saber do que querem de mim...para além de mim mesma...
...tenho uma dor de cabeça que faz-me aborrecer o Universo inteiro de mim mesma. Apago as luzes das estrelas para não ver nada e aniquilo a minha voz na mais escura e distante cave da minha alma. E só desço quando quiser acender de novo as estrelas...

2 comentários:

*SP Sentimento Puro disse...

Bravo! Bravo! Bravo!
Só desta forma posso começar... tentar esboçar algum comentário sobre este monólogo onde a angústia é retratada quase de forma que podemos toca-la. Tocou em mim esta imensidão de sentimento...de encolhimento fetal diante da vida que aí está...acontecendo no espanto, no absurdo, de quem vê além...do simples e natural.

Espetacular!!!!

Saio daqui com imensa satisfação, pois não é sempre que encontramos escritos,(tecido), desta natureza.
Parabéns SU.

Um ótimo domigo para voce

Beijo.......

Porcelain disse...

Também há quem não só não esboce sorriso como faça umas belas de umas trombas em vez dele... se eu estou com a neura, deixem-me estar, chiça!!

Os outros... são demasiados e demasiado pesados para carregarmos com o peso de nós mesmos mais o deles...

Campas maravilhosas que permitem enterrrar palavras inúteis de quem não sabe nada de nós... os demais não têm culpa, mas então afastem-se, deixem-nos, não nos torturem com a sua forma simplória de ajudar... o que dói mais do que a não ajuda é a ajuda mais que bem intencionada, porém inútil... como não sentirmo-nos más...