...sem tempo para parar no tempo...
...corro para o lugar das sombras roubando o corpo à realidade... 
...vou de encontro ao anjo negro do outro lado do espelho... 
...brinca com os restos de mim... 
...enquanto faço parte das ruínas que me contemplam do passado...
...e viro costas às lágrimas de pedra que fragmentam a pele...
...equilibro o coração em cima da alma, a alma em cima da mente, a mente em cima de NADA...
...não conto aos deuses os meus planos... 
...e desço aos fundos de mim mesma pela escada de serviço... 
...com pézinhos de lã...
6 comentários:
fui
entre corredores
sou
desatino...
dei
batas encardidas
fui
assustado...
sou
so mais uma via
ela
insanidade...
fiz
degraus aos pares
sim
ja cai...
vou
a parte sem volta
rio
sem gozo!!
nao
persigo a porta
ela
entra so!!
fui
sem contagem...
opa
leva-me la
Entre os separadores são as paredes que não deixam escutar o passo da corrida
As batas despem-se quando são da cor do sangue e dos sonhos
Cairam dos degraus
Perderam os sentidos
E os sentidos passamos a ser nós
Vermelho e verde, vermelho e verde...
Paramos e avançamos conforme as horas
Ninguém entra naquela porta
Não abre não conta não fala
Já lá estás...
Minha querida, q magnifico jogo de palavras e imagens.
...E no fim sais de fininho como se nada fosse ctg !! :))
Dark kiss
Adoro o que escreves, e mais ainda as imagens! Ja te disse isso?
Não contes aos deuses os teus planos... eles são traiçoeiros, dizendo que te querem ajudar, derrubam todos os teus sonhos transformando-os em ruínas... ruínas de um futuro que nunca chegou a existir...
Não é o tempo que nos impede de parar no tempo... são as coisas parvas e inúteis com que o consumimos ao invés de fazermos o que a nossa alma pede realmente...
No lugar das sombras descansam todos os segredos que precisamos saber... deveríamos correr para lá mais vezes... a realidade é efémera, não vale nada e no entanto entregamos-lhe o nosso corpo constantemente... a realidade desaparece amanhã noutra realidade...
O anjo negro existe e pede para ser encontrado... se uma força superior te leva ao seu encontro, agradece, pois assim não precisas da coragem que tantos não têm para conseguir lá chegar... não podes evitá-lo e ainda bem.
Os nossos restos somos apenas nós prestes a sermos redesenhados... nada há que mereça o nosso temor...
Gosto das ruínas que indiciam a passagem do tempo e talvez até a utilização intensiva... gosto da destruição provocada pela utilização intensiva... que bom quando existem no nosso passado ruínas que nos contemplam no presente... talvez eu tenha algumas, talvez elas me contemplem a mim também... se me contemplassem dir-me-iam... que bom que ficámos em ruínas e que estamos obsoletas... que bom que construíste um novo palácio em vez de nós...
As lágrimas que não queremos deixar sair são como pedras perfurando a nossa pele, pedras vindas de dentro, as pedras em que transformámos as nossas dores e os nossos sentimentos não manifestos, esquecidos... os nossos olhos, a nossa alma... as lágrimas, como o anjo negro, pedem atenção... atenção para as sombras que estão esquecidas... não lhes viremos as costas, deixemos as lágrimas jorrar com orgulho ao invés do embaraço que normalmente as acompanha...
Por que temos de justificar as nossas lágrimas?
Por que temos de nos envergonhar delas??
Os equilíbrios que tanto procuramos são sempre tão frágeis... é tão difícil fazê-los singrar num mundo em mudança constante... mas o nada não existe e quando tudo desmorona, resta sempre algo que impede o colapso total...
Os sonhos são sempre o futuro... os deuses cobram apenas um preço por esse mesmo futuro, dizendo-nos tantas vezes que ele não pode ser exactámente como sonhámos... não que os sonhos não se realizem, mas que o nosso sonho não foi suficientemente perspicaz para prever o futuro... assim, o preço, apesar de tudo, é tanto mais elevado quanto mais inconscientes as mentes... e tanto mais subtil quanto mais subtis as mentes...
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