as letras escrevem por mim a voz que se deita preguiçosa entre as dobras do tempo e do relógio que mente descaradamente quanto às horas que marca depois de sair apressadamente do balcão da alma onde se consome um café apagado de segundo em segundo entre as labaredas do inferno privado de cada um restando vozes inquietas e divididas entre o anjo e o diabo que vão as compras no mesmo corpo abandonado

depois das cinzas os dedos riscam o fogo anterior a cada acto consumado e deitam fora o papel amarrotado da sina que embrulhava as nossas vidas desatadas da lógica e do sentido antes de se atravessarem as estradas do deserto perante a promessa ridícula dos oásis acumulados

desligo os pensamentos da tomada e apago qualquer emotividade em mim para a conta da sensibilidade não ser tão alta e quando as janelas esvoaçam as suas vidraças por entre as minhas palavras solto o cabelo para esconder o sorriso que se disfarça ainda mais de uma lágrima
é tudo a mesma e única coisa doce e amarga

6 comentários:

Maçã com Canela disse...

E quando esse silencio nos assola e nem mesmo as palavras servem de aviso?
E quando a emotividade tão leve e tao solta e tão pura se embrulha ao ponto de levar onde nunca te esperaste encontrar?
Ah crueldade... esse sim é o preço que temos de pagar por viver..
Porque ainda que sem voz.. sem palavras... sem letras... os sonhos permanecem onde os colocaste... no mais alto dos céus.. e quando menos esperamos caimos para nos tornarmos a levantar... e sem esse sorriso ainda que disfarçado sempre aparece!

Capitão Merda disse...

Faça tudo menos, por favor, apagar a emotividade!
Sermos emotivos é preciso.
A racionalidade, como já se viu, é inimiga do bem-estar humano.
Não parece, mas sei bem aquilo que estou a dizer...

P.S.
Belas fotos!

Capitão Merda disse...

Menti!
Não estou certo de que saiba o que acabei de escrevinhar...

Porcelain disse...

Por vezes os relógios atrasam... outras tantas adiantam... não porque assim queiram, mas porque algures perderam a noção do tempo real. Porque confundem já o tempo real com o tempo que eles prórpios inventaram ou com o tempo que eles não conseguem evitar indicar aos outros, pois simplesmente não têm controlo... as saídas apressadas por vezes provocam culpa, porque se deixou algo a meio, porque o coração chama e exige que se volte atrás... e como ainda se tem sentimentos, por vezes, volta-se mesmo atrás, tentando desfazer o mal que se fez, impossível de ser desfeito, sem perdão.

Na volta... tudo tem perdão, mas para isso é necessário o devido arrependimento e a célebre humildade que a grande maioria dos seres humanos não possui, ou possui excassamente. O arrependimento requer a compreensão do erro e a compreensão do erro requer... inteligência, mas ela está lá quando faz falta, assim o desejemos... a mente humana nunca negou compreensão das coisas a ninguém que lha tivesse pedido, com todo o seu coração.

Anjo e diabo somos todos nós... por isso eu gosto de acenar com o meu diabo a toda a gente, pois assim pelo menos todos sabem com o que contar... não gosto que acreditem apenas no meu anjo... além disso, quanto mais exponho o meu diabo, melhor o conheço e mais inofensivo o torno... não devo ser verdadeiramente diabólica, porque ao brincar com o meu diabo pretendo apenas exterminá-lo...

As cinzas... das cinzas renascem fenix, se nós tivermos força para isso... a sina que embrulha as nossas vidas passa também por aquilo que queremos fazer das nossas vidas... controlamos tão pouco, mas ao menos controlemos para bem aquilo que podemos controlar... e isso não tem de ser uma seca. Com criatividade é tão divertido como controlar no sentido inverso.

As nossas vidas desatam-se de lógica e de sentido, até lhos encontrarmos e encontrá-los-emos se os procurarmos. Como a tudo.

A promessa dos oásis nunca é ridícula... se os vimos, eles existem, nem que seja em outro lugar qualquer, nem que seja em outra dimensão... a paciência e a preserverança e a força e a resistência levar-nos-ão até lá.

Que bom seria se os pensamentos tivessem uma tomada... podes colocar-lhes uma, sabias? Arranjei uma há uns tempos e os pensamentos que outrora me fustigavam, tornaram-se agora mansos cordeiros que me acariciam... na verdade nunca estão desligados, simplesmente se tornaram mais suaves e sensatos... claro que outros vieram atormentar-me em seu lugar, mas estes agora com a garantia de poderem vir a ser progressivamente tranquilizados assim eu tenha a devida paciência.

A conta da sensibilidade é sempre muito alta... esse é um luxo que se costuma pagar muito caro.

A emotividade está-te no ser, podes até tentar apagá-la, mas ela acender-se-á novamente e novamente te trará a dor, tão característica desse fenómeno estranho que é estar vivo.

Sorriso e lágrima... doce e amargo... tudo a mesma coisa.

Linda... I'm back.

Beijo

Unknown disse...

Escrever é um estado da alma.

Bjnhs

ZezinhoMota

bono_poetry disse...

centelha de um existir...fragmento de td e de nada...
...coracao cosmopolita de irreversiveis sentires...
...seria tao parva a vida...
...cala o peito e crava a dor...
...cala o grito espinhado na mente...
...na nossa ida...na nossa vinda...
...o tal permitir da escolha...
...existe quem nao o tenha...
...ai que me exalto...ai me faco gigante...ai me desfaco...luto...enraiveco...dou por odio e raiva sem poder o afastar...falas de cogumelos venenosos?ou de morangos caramelizados?remind me...